Moscou e Kiev vão discutir questões de cooperação econômica. Hoje (26 de agosto), o primeiro-ministro ucraniano Nikolai Azarov encontra-se com seu homólogo russo Dmitri Medvedev.
A agenda inclui um dos temas mais controversos: a possível entrada da Ucrânia na zona de livre comércio com a União Europeia. Kiev pretende, ao mesmo tempo, manter relações comerciais com Moscou e seus parceiros na União Aduaneira. O lado ucraniano argumenta que ambas as direções lhe são importantes e que elas não se contradizem uma à outra, uma vez que se baseiam nos princípios da OMC. A Rússia, no entanto, pede que Kiev não esqueça o aspeto econômico da questão. O presidente Vladimir Putin não descarta que a Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão tenham que adotar medidas para proteger o mercado da União Aduaneira após a entrada de Kiev no acordo de associação com a UE.
O perigo, em particular, são as exportações europeias que podem “vazar” através da Ucrânia para os países da União Aduaneira. E isso pode prejudicar os produtores russos. Trata-se não apenas do preço dessas mercadorias, mas também da qualidade, porque a “zona de livre comércio” supõe um regime simplificado de inspeções de mercadorias. Eis um comentário do analista econômico Alexander Abramov:
“A Rússia será forçada a introduzir restrições alfandegárias em relação à Ucrânia. Elas abrangerão duas áreas. A primeira é a imposição de direitos aduaneiros iguais aos que existem com a União Europeia. A segunda é a introdução de procedimentos mais complexos de formalidades aduaneiras.”
As medidas de proteção podem afetar seriamente a economia da Ucrânia porque a Rússia é o principal mercado para suas exportações. Entretanto, a Ucrânia está tentando fazer comércio sem taxas com a Europa e, ao mesmo tempo, exportar mercadorias a preços baixos para a União Aduaneira, diz o perito da Escola Superior de Economia Andrei Suzdaltsev:
“A Ucrânia está interessada no mercado russo, o maior e mais rico mercado do espaço pós-soviético. Sem esse mercado, a Ucrânia estará à beira de uma crise difícil e sem saída. Os ucranianos entendem isso perfeitamente e têm muito medo. Por outro lado, a Ucrânia mostra uma tendência característica da Europa Oriental: o equilíbrio entre o Oriente e o Ocidente.”
O volume total do comércio entre a Ucrânia e a Rússia no final do primeiro semestre de 2013 caiu quase 20%. Portanto, outra questão na agenda dos dois primeiros-ministros será o aumento do volume de exportações e importações entre os dois países até seu nível anterior.
Dmitri Medvedev e Nikolai Azarov também discutirão a crise alfandegária que ocorreu na fronteira com a Rússia em meados de agosto. Segundo admitiram mais tarde em Kiev, o “engarrafamento” na fronteira da Ucrânia foi, em parte, culpa das empresas ucranianas - elas ignoraram as exigências da alfândega russa. Agora, a fila na alfândega desapareceu. Mas os especialistas preveem que, quando a Ucrânia abrir suas fronteiras para mercadorias da Turquia e da União Europeia, a inspeção total na fronteira com a Rússia, que implica uma completa descarga de mercadorias, poderá se tornar obrigatória.
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