sábado, 24 de agosto de 2013

SERVIÇOS SECRETOS DA ALEMANHA - 100 ANOS NO AFEGANISTÃO


Quando na primavera de 2013 o governo alemão se prontificou a prorrogar por dois anos a presença de seu contingente militar no norte do Afeganistão após a retirada das tropas da OTAN, se tornou evidente que os serviços secretos germânicos tinham ali criado um sistema eficiente, capaz de, no mínimo, garantir a segurança de seus efetivos militares e civis. O fato não causa muita surpresa, pois que os serviços de inteligência alemães começaram a trabalhar no Afeganistão desde 1915.

Naquela altura, com o propósito de persuadir o rei afegão sobre a necessidade de iniciar a guerra contra o Império Britânico, chegou a Cabul a Missão Niedermayer-Hentig. Seu posterior fracasso tem engendrado muitas dúvidas. Em 1919, na sequência da conspiração organizada por altos dignitários afegãos de ânimos pró-germânicos, o rei foi assassinado e se iniciou logo a terceira guerra anglo-afegã.

Antes da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha concluíra a modernização do Exército afegão, enquanto a polícia germânica restabeleceu a rede de serviços secretos e policiais. Receando a eventual revolta de tribos agressivas, a Grã-Bretanha não arriscou, nem na Primeira, nem na Segunda Guerra Mundiais, retirar da fronteira afegã suas unidades militares. Assim, centenas de milhar de soldados da Índia Britânica não foram enviados para as frentes de combate europeus.

Desde o início dos anos 50, no Afeganistão se instala uma rede de agentes do Serviço de Inteligência Federal (BND). Em dezembro de 1954, se estabelecem as relações diplomáticas entre a RFA e o Afeganistão, enquanto os conselheiros alemães tomaram conta da preparação de quadros policiais e de serviços especiais, o que se prolongou até 1979. Após a mudança do regime, os principais informadores do BND eram o antigo chefe da polícia de Cabul e o ministro do Comércio. O ex-chefe dos Serviços Secretos do Afeganistão trabalhou para o BND sob o pseudônimo de Francis. Em 1979, a imprensa ocidental escreveu que os agentes secretos "tinham admitido" a intrusão soviética no Afeganistão. Na realidade, a direção do Serviço de Inteligência da RFA não prestou a devida atenção às informações e avisos facultados por seus analistas. No início da década de 80, os colegas ultrapassaram o BND no estabelecimento de contatos com os líderes mais influentes dos mujahidins. Deste modo, restou ao serviço contar com apoio de grupos maoístas desorganizados. Todavia, os contatos de longa data com o ISI paquistanês permitiram ao BND criar redes de agentes em Islamabad, Karachi e Peshawar. Dizem que os destacamentos de polícia especiais GSG 9 (Grenzschutzgruppe 9) prepararam combatentes na região de Peshawar e que na Baviera eram treinados especialistas da luta antitanque.

Após o colapso do regime talibã, mais da metade dos políticos reunidos em Petersberg a fim de criar um novo governo afegão, tinham estado em contacto com o BND. Foi então que para este serviço passaram a trabalhar cerca de 300 especialistas militares, enquanto os agentes germânicos no Afeganistão encontraram emprego sob os auspícios de diversas organizações não governamentais. Hoje em dia, no Afeganistão funcionam tanto o BND, como os serviços de reconhecimento militar ANBw e de Contra-Inteligência Militar - MAD. Em conjunto com os aliados, eles acabaram por criar alguns grupos de agentes do HUMINT. Além disso, foram estabelecidos contatos de trabalho estreitos com o serviço especial do Afeganistão – a Direção Nacional de Segurança. A RFA prepara quadros para ela e para a polícia local, fornecendo equipamentos especiais.

O conceito de colaboração prevê a preparação de afegãos para que estes possam "permanecer nas fileiras" em quaisquer circunstâncias políticas. Desde os finais de 2001, as tropas especiais KSK, juntamente com os policiais afegãos, têm utilizado os dados proporcionados por agentes do BND em Cabul, Kunduz e Fayzabad, neutralizando e capturando dezenas de chefes de guerra e apreendendo armas e munições, guardadas em depósitos no norte do Afeganistão.

À semelhança da maioria dos colegas, a Inteligência alemã procura "sondar contactos" com dirigentes do movimento talibã. Assim sendo, em 2005, em Zurique, a direção do BND travou conversações não oficiais com representantes desse movimento radical sobre a possibilidade de cortarem as relações com a Al-Qaeda.

Nos últimos decênios, o aspecto militar e as vias de participação da Alemanha na IFOR foram criticados dentro e fora do país. Hoje, quando existem conceitos mais agressivos e inconstantes de seus aliados no Afeganistão em face da retirada das tropas, os resultados do trabalho metódico dos serviços secretos da Alemanha demonstram que apenas determinadas missões e tarefas são exequíveis. Sobretudo, no que diz respeito ao Afeganistão.

Fonte: Voz da Rússia

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