terça-feira, 29 de outubro de 2013

CASA BRANCA FOI NEGLIGENTE OU FALTA À VERDADE?


O escândalo sobre espionagem realizada pelos EUA aos seus aliados mais próximos, a chanceler da Alemanha Angela Merkel e o presidente da França François Hollande, estão se revestindo de novos detalhes. No início desta semana foi informado que a NSA escutava as conversas telefônicas da chanceler alemã desde 2002 e até o verão do corrente ano. Além disso, segundo a mídia alemã, Obama estava totalmente ao corrente. A Casa Branca nega isso e parece que o presidente não sabe o que fazem os seus serviços secretos.

Um grupo de peritos do Ministério do Interior e dos serviços de segurança alemães (BND), assim como os seus colegas francesas, está a caminho de Washington. Eles devem esclarecer o volume que a espionagem atingiu e obter garantias que ela não se repete. Os europeus gostariam de assinar com Washington uma espécie de acordo de “não-espionagem” ou “no-spy agreement”. Ninguém sabe dizer qual será o resultado. Os EUA ainda nunca deram garantias por escrito a ninguém que pudessem limitar o funcionamento dos seus serviços secretos.

Entretanto Berlim, Paris e Bruxelas já falam na revisão dos acordos de intercâmbio de informações com os EUA e no adiamento da assinatura de novos. Segundo disse Merkel, primeiro “há que reestabelecer a confiança”.

Na Europa a confiança em Obama já está abalada até um nível em que alguns jornais alemães e franceses já escrevem com algum sarcasmo: a personalidade de Obama está se aproximando vertiginosamente do nível de hostilidade que em tempos o velho continente sentia em relação ao seu antecessor George W. Bush. Realmente, nem o próprio George W. Bush ouviu reprimendas tão duras dirigidas à Casa Branca relativamente à espionagem.

Os peritos russos, contudo, aconselham a não deixar alastrar a deterioração das relações da Europa com a administração Obama propriamente dita aos fundamentos das relações da Europa com os EUA no seu todo.

Essas relações de aliança são muito sólidas para que se possa falar numa perda irrecuperável da confiança, considera o analista do Instituto de Estudos Estratégicos Vladimir Kozin, mas a recuperação dessa confiança irá demorar bastante tempo:

“Para os europeus a vigilância realizada pelos EUA foi um murro no nariz moral muito forte. Claro que ninguém gosta disso, mas os líderes europeus dificilmente irão cancelar as trocas de informações com os EUA.”

O escândalo não rebentou por os serviços secretos dos Estados Unidos terem espiado a Europa, isso já é bem conhecido há muito tempo, refere o perito do Instituto de Estudos Político e Humanitários Vladimir Slatinov. A Europa ficou chocada com a arrogância e as dimensões da espionagem:

“Claro que os fatos descobertos atingiram fortemente a atual administração norte-americana. Ela terá agora de apaziguar esse escândalo e salvar a sua reputação. O mais importante é que terá de construir um novo relacionamento entre os serviços secretos nessa área. Terão de ser impostas determinadas limitações a uma atuação tão desregrada dos serviços secretos estadunidenses em relação aos seus aliados mais próximos.”

Vladimir Slatinov também considera que na sua essência as relações entre a Europa e os EUA dificilmente irão mudar e que um corte de relações não está a ser equacionado. A Europa irá simplesmente insistir na construção de relações transparentes entre os serviços secretos de ambos os lados do Atlântico:

“Esta é uma tentativa dos aliados dos EUA para limitar a atuação muito livre dos serviços secretos norte-americanos com recurso a novas regras e mecanismos. Isso significa que uma série de acordos serão, se não revistos, pelo menos modificados. Não é de excluir que irão surgir novas normas do direito internacional. As relações entre a Europa e os EUA irão entrar agora numa nova fase, a fase da limitação do subjetivismo e voluntarismo norte-americano na recolha de informações secretas."

A Casa Branca está se defendendo como pode dos europeus indignados, entretanto a administração apresenta umas justificações absurdas atrás das outras.

Um dos altos funcionários da administração declarou que os alvos da vigilância (Angela Merkel e François Hollande) “não estavam marcados nos radares da Casa Branca”. A própria NSA apresentou, depois de mais denúncias, um comunicado em que se lê que o chefe da NSA general Keith Alexander “não discutiu” com Obama a vigilância feita a Merkel e que “não o tinha informado” disso.

Isso seria bastante estranho. Segundo a prática corrente nos EUA, todas as grandes operações de inteligência são sancionadas com diretivas executivas do presidente. É difícil acreditar que a vigilância a Merkel e Hollande, e a outros chefes de Estado de países aliados dos EUA, fosse considerada como uma operação tão rotineira que nem surgisse nos radares da Casa Branca.

Quando o presidente de um país, seja ele qual for, não sabe o que fazem os seus serviços secretos o problema é sério. A história demonstra que essa ignorância pode resultar em golpes de Estado. Claro que os EUA em relação a isso não têm nada a temer. Mas se o presidente não sabe que os seus espiões vigiam os seus aliados mais próximos e mais fieis, isso já caracteriza Obama como um chefe de Estado não totalmente competente. Se sabe, mas não o reconhece, isso também o caracteriza de uma forma nada positiva.

Fonte: Voz da Rússia

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