segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O FORNECIMENTO DE ARMAS RUSSAS AO VIETNÃ E OS INTERESSES CHINESES


O processo de reequipamento das forças armadas vietnamitas, que decorre com uma participação ativa da Rússia, desperta o interesse do Ocidente e dos países vizinhos asiáticos, assim como uma preocupação crescente da China. Essa preocupação, segundo se sabe, já foi expressa ao lado russo durante contatos bilaterais. Contudo, o Vietnã apenas está a percorrer os passos necessários para que as suas forças armadas se mantenham atualizadas.

Os peritos militares chineses, porém, declararam abertamente que o rearmamento do Vietnã e a sua aquisição de submarinos diesel-elétricos modernos cria uma ameaça à segurança nacional da China.

Realmente o Vietnã se transformou num parceiro importante da Rússia em matéria de cooperação técnico-militar. Com a ajuda da Rússia ele está criando uma esquadra de submarinos composto por 6 unidades do projeto 636 (classe Kilo na designação da OTAN). O Vietnã está igualmente recebendo da Rússia caças Su-30MK2, lanchas porta-mísseis, fragatas, diversos tipos de mísseis antinavio e equipamentos antiaéreos. A Rússia ajuda o Vietnã na assistência aos armamentos anteriormente fornecidos e fornece uma ajuda importante na preparação de oficiais vietnamitas de especialidades técnicas.

Mas não se deve exagerar a importância dos êxitos vietnamitas na área da modernização da sua capacidade de defesa. Seria ingênuo esperar que o maior país do Sudeste Asiático e com uma economia em rápida ascensão fosse ficar para sempre satisfeito com arsenal que herdou dos tempos da URSS.

Isso enquanto a República Popular da China tem a entrar ao seu serviço anualmente novos submarinos nucleares e, fabrica anualmente várias dezenas de caças de quarta geração e desenvolveu o fabrico de contratorpedeiros equipados com o seu próprio sistema análogo ao Aegis norte-americano. Comparados com os ritmos da modernização militar chinesa, os êxitos vietnamitas dão uma imagem modesta. Qualquer que seja o armamento que a Rússia esteja disposta a oferecer ao Vietnã, o Vietnã simplesmente carece de recursos financeiros para formar e manter em condições operacionais umas forças aéreas e navais que possam desafiar a China. O Vietnã tenta apenas garantir as necessidades básicas para a sua defesa.

Apesar dos atritos recorrentes e às disputas territoriais, as relações entre a China e o Vietnã, as relações entre estes dois países são diferentes das relações da República Popular da China com os aliados próximos dos EUA como o Japão e as Filipinas. A China atribui uma importância estratégica ao desenvolvimento das suas relações com o Vietnã e pretende atrair esse país-chave do Sudeste Asiático para uma cooperação econômica substancial. Uma disputa territorial por resolver e a existência de fortes sentimentos nacionalistas de ambos os lados pode dar origem a crises locais, mas os governos chinês e vietnamita tentam apagar esses focos antes de as suas relações se ressentirem de forma irreversível.

Se a Rússia se recusasse a fornecer os armamentos que o Vietnã necessita, o lado vietnamita enfrentaria uma possível perda gradual da capacidade operacional das suas forças armadas e uma alteração do equilíbrio de forças na região. Um forte sentimento da sua própria insegurança obrigaria o Vietnã a recorrer à única alternativa no fornecimento de armamento moderno: os EUA e seus aliados.

Ao contrário da Rússia, os EUA associam quase sempre a cooperação técnico-militar ao cumprimento de um conjunto de exigências políticas. O processo de aproximação americano-vietnamita na área militar, que já se tem gradualmente vindo a reforçar, poderia obter um impulso repentino. O Vietnã iria receber um volume de armamentos idêntico ou mesmo maior àquele que recebe atualmente da Rússia. Nesse caso ele iria alterar o seu posicionamento de uma política de equilíbrio entre as grandes potências para uma política de aliança estreita com os EUA.

Assim, uma recusa da Rússia em fornecer armas ao Vietnã teria consequências mais negativas para a segurança da China que a continuação desses fornecimentos.

Fonte: Voz da Rússia

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