quarta-feira, 30 de julho de 2014

ARGENTINA TEM HORAS PARA EVITAR 2º CALOTE EM 13 ANOS


A Argentina tem até a meia-noite desta quarta-feira para evitar a moratória da sua dívida com credores que compraram títulos públicos do país, o que seria o segundo calote em 13 anos.

Reuniões serão retomadas nesta quarta-feira, após discussões que avançaram a noite entre o ministro da Economia argentino, Axel Kicillof, e o mediador designado pelo juiz de Nova York, Thomas Griesa, que tem a palavra jurídica sobre o caso.

A expectativa era de um acordo entre Kicillof e o mediador Daniel Pollack, como descreveu a imprensa local, que pudesse salvar a Argentina do calote.

Os chamados "fundos abutres" - fundos especulativos que compraram títulos de credores que não aceitaram a reestruturação da dívida feita por Buenos Aires em 2005 e em 2010 - ganharam um litígio em um tribunal de Nova York que obriga o país a pagar US$ 1,3 bilhão para eles a um deles até o fim do dia, para então continuar cumprindo com os demais credores.

Um grupo de bancos que atuam no país teria oferecido fazer um depósito para evitar a moratória argentina.

"Integrantes da Associação de Bancos Argentinos (Adeba) ofereceram a garantia de US$ 250 milhões aos fundos (abutres) para que assim possam pedir uma liminar ao juiz que permita pagamentos congelados", publicou o site do jornal econômico Ambito Financiero, de Buenos Aires.

O comentarista da emissora de TV TN Edgardo Alfano disse que os bancos teriam decidido "fazer uma vaquinha" para evitar o calote argentino.

Em 2012, os "fundos abutres" obtiveram sentença favorável em uma disputa com o governo argentino para receber o pagamento integral pelos títulos da dívida do país de 2001.

A disputa se referia às turbulências de dezembro de 2001, quando o governo do então presidente Adolfo Rodríguez Saá declarou um calote da dívida argentina em meio ao turbilhão político e econômico que assistiu a cinco presidentes da República em poucos dias.

Entre 2005 e 2010, quase 93% do total de credores aceitaram as ofertas feitas pelo governo pela reestruturação e troca de títulos da dívida de 2001 – na ocasião, o maior calote da história do capitalismo. Estes fundos e outros investidores, incluindo pequenos poupadores argentinos, recusaram a troca de títulos. Os fundos e outros entraram na Justiça.
'Clima de pênaltis'

A aceleração das reuniões em Nova York, na véspera do prazo final para o calote, levou correspondentes estrangeiros em Buenos Aires a escreverem em suas contas no Twitter que a Argentina "parecia estar em uma disputa de pênaltis em jogo de Copa do Mundo": nos minutos finais de uma decisão.

Representando cerca de 1% do total do calote de cerca de US$100 bilhões, os fundos NML e Aurelius ganharam na Justiça americana o direito de receber o pagamento integral.


Cartazes em Buenos Aires dizem "Chega de abutres", referindo-se aos fundos que exigem pagamento

Economistas argentinos disseram à BBC Brasil que se o governo atender à sentença judicial e pagar o que os fundos pedem, outros credores poderiam requerer os mesmos direitos.

A regra valeria até 31 de dezembro, segundo os documentos que assinaram, e por isso o governo estaria tentando continuar pagando os que aceitaram a reestruturação e adiar o pagamento dos fundos para janeiro, quando poderia negociar um acordo com eles.

O juiz Griesa determinou que o governo argentino somente poderia pagar os títulos reestruturados que venceram no dia 30 de junho se pagasse também os fundos abutres.

O impasse jurídico levou a Argentina a não pagar os vencimentos de 30 de junho e nesta quarta vence o prazo de 30 dias de carência para que não caia na moratória.

"É uma situação perversa porque um grupo minoritário pode acabar levando ao fracasso de uma operação que envolveu a maioria daqueles títulos de 2001", disse a economista Marina Dal Poggetto, da consultoria econômica Estudio Bein e Associados.

Para ela e para o economista Matias Garugati, da MyF consultora, o caso argentino intensificou o debate para a questão das dívidas dos países. "Trata-se de uma minoria que pode colocar uma maioria que aceitou a reestruturação da divida como refém. E por isso a Argentina recebeu apoio de diferentes setores no plano internacional", disse.
Consequências 'caras'

A Argentina recebeu respaldo do Mercosul, que se reuniu na Venezuela, e do G77, grupo que inclui a China. Ressalvas e críticas sobre os efeitos do caso argentino foram feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e colunistas de jornais internacionais como o Financial Times e o New York Times, que criticaram os fundos e o juiz Griesa.


"Não ao pagamento da dívida", diz mensagem em muro na Argentina

O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, afirmou, na semana passada, que uma moratória argentina poderia ser cara para todo o sistema financeiro ao gerar 'incerteza' sobre a possibilidade de renegociações futuras das dívidas de países em crise. "Precisamos de mecanismos de solução que funcionem bem quando os países estiverem em dificuldade", disse.

O site Infobae, de Buenos Aires, observou que "desta vez" a Argentina e o FMI estão do mesmo lado.

"O Fundo disse em um breve comunicado que o litígio atual com a Argentina poderia ter implicações profundas sobre futuras reestruturações de dívida, dando mais poder aos fundos", informou no dia 18 de junho, atribuindo a informação à agência AFP.

O governo argentino foi, porém, fortemente criticado por ter "adiado uma decisão até o último minuto", afirma Garugati. "A primeira sentença judicial surgiu em 2012. Qualquer calote deve ser evitado porque o custo é muito alto para a economia", disse o economista.

Especialistas afirmam que o calote provocaria maior "desconfiança" dos investidores na Argentina e "aprofundaria" o quadro recessivo em que o país se encontra, dizem. "O calote geraria menos atividade econômica e mais desemprego", disse o economista Dante Sica, da consultoria Abeceb, de Buenos Aires.

Fonte: BBC Brasil

Segue o link do Canal no YouTube e o Blog
Gostaria de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO QUESTIONE

Este Blog tem finalidade informativa. Sendo assim, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). As imagens contidas nesse blog foram retiradas da Internet. Caso os autores ou detentores dos direitos das mesmas se sintam lesados, favor entrar em contato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário