terça-feira, 23 de setembro de 2014

IRAQUE: UM MUNDO DE VENDEDORES DE MORTE


Líderes de facções partidárias da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos acabaram por não ler as cartas de seu colega sírio Jihad al-Lahham que apelavam a não armar os adversários “moderados” do regime de Bashar Assad.

Talvez porque na carta, entre outras coisas, ele alegou que foram justamente os “moderados” que venderam aos militantes do Estado Islâmico (EI) um dos jornalistas norte-americanos recentemente executados.

Este último argumento foi aparentemente considerado um ato de “guerra de informação”. No entanto, não se devem tirar conclusões precipitadas. Alguns dos argumentos da “propaganda síria” parecem sempre ser verdade.

O fato de que oposicionistas sírios, no mínimo, estão vendendo armas aos islamistas foi relatado pelo jornal The New York Times ainda no ano passado. Um dos caudilhos disse então que “existem brigadas fictícias do Exército Sírio Livre que afirmam que são revolucionários, e ao receber armas vendem-nas a qualquer um”.

E a agência France-Presse relatou que para enviar armas para a Síria não são necessárias ordens do presidente dos EUA. Em 9 de março de 2013, ela publicou um artigo do jornal croata Jutarnji List sobre como em alguns meses, em 75 voos de aviões de carga de companhias aéreas civis turcas e jordanianas, da capital croata foram transportadas para a Síria cerca de três toneladas de armas “para combater o regime de Assad”. As armas foram pagas pela Arábia Saudita, e seu transporte foi organizado pelos Estados Unidos.

Obviamente, os países envolvidos no escândalo negaram tudo. Nem o diretor da companhia aérea jordaniana de carga Jordanian International Air Cargo (JIAG) se lembrava de voos para a Croácia. Depois, quando as datas e rotas desses voos foram confirmados por um representante da rede regional de tráfego aéreo, ele esqueceu que sua companhia tem aviões de carga Il, embora fotos de dois Il-76MF estivesem publicadas em seu site. Tendo esgotado os argumentos, o diretor então simplesmente mandou desativar o site. E mais alguém simplesmente não deu andamento a essa história na mídia mundial.

Mas passado um ano e meio as armas “não-existentes” ressurgiram. No Iraque. Um recente relatório da companhia londrina Conflict Armament Research (CAR), que se ocupa de rastrear carregamentos ilegais de armas, menciona entre os troféus capturados ao exército do “califado”, além dos fuzis norte-americanos M16, fuzis de precisão croatas Elmech EM 992 e lança-granadas antitanque portáteis iugoslavos M-79 Vespa. Comparando dados sobre fornecimentos de um grande lote de “vespas” ao Exército Sírio Livre em 2013, a CAR conclui que se trata desas armas.

E é bem possível que agora estas “vespas” serão usadas contra os tanques do exército iraquiano. E, apesar de seu grande nome, muito provavelmente serão destruídas. Afinal, como tranquilizaram seus compatriotas os militares norte-americanos, ao Iraque foram fornecidos não versões de alta tecnologia do tanque M1 Abrams, mas uma versão ligeira de exportação.

É reconfortante de que também o EI tem exatamente os mesmos tanques de “papelão”. No entanto, imediatamente após a captura de Mossul, houve relatos de que as forças do “califado” destruíram unidades capturadas de equipamentos de “alta tecnologia” – tanques Abrams, veículos blindados M113, caminhões à prova de minas (MRAP), e também outros equipamentos ocidentais no valor de muitos milhões de dólares. Eles supostamente percebiam que não seriam capazes de usar e mantê-los. Mas fotos recentes mostraram que o exército do “califado” sabe muito bem manipular esses equipamentos.

Bem como o sabem fazer com meia centena de obuses norte-americanos M198 de 155 mm, com mil e quinhentos Hummers blindados do exército iraquiano e com quatro mil metralhadoras Kalashnikov (PKS).

A propósito, descobriu-se que os “grupos díspares de terroristas”, ainda antes da captura de Mossul e Tikrit, tinham cerca de 30 tanques T-55. Eles foram capturados na Síria e já foram usados lá. No Iraque a eles se juntaram cerca de mais dez tanques T-72 e vários “pseudo Abrams”. Além disso, o Estado Islâmico recebeu 200 carros de todo o terreno e caminhões, parte dos quais já foram enviados para a Síria. Nas mãos do EI está também um “presente” de Istambul – blindados da empresa turca Otokar – Scorpion e Cobra.

E poderá o Estado Islâmico, por exemplo, adquirir sua própria força aérea? Se conseguir reparar a tempo vários helicópteros Mi-8 e Mi-17 defeituosos do exército sírio. Eles, aliás, também vieram do Exército Sírio Livre.

Ainda assim, a maioria de todos os arsenais do “califado” são troféus dos armazéns do Exército iraquiano. E agora todos esses “alvos” caros serão destruídos por pilotos iraquianos, franceses e norte-americanos com mísseis não menos caros das principais empresas ocidentais.

Em geral, o conceito de “ataques aéreos”, quando cada novo lote de armas vendidas destrói o anterior, parece simplesmente genial. Quando um míssil no valor de 70 mil dólares acerta num tanque que custa 1-2 milhões, primeiro surge a questão de fornecimentos de novos mísseis para destruir outros tanques (apenas um lote de cinco mil mísseis Hellfire com os respectivos equipamentos, peças de reposição e instrutores tirou dos cofres do Iraque 700 milhões de dólares). Mas isso não é tudo: no final, será necessário avançar, e inevitavelmente surge o problema de compra de novos tanques... Obviamente, vendedores de armas gostariam que tais processos durassem o máximo tempo possível.

E eis que o presidente dos EUA sempre assina a lei sobre treinamento e armamento de rebeldes sírios “moderados”. Todos sabem o quão bem instrutores norte-americanos ensinam a outros. E as armas podem vir a ser úteis. Mas a quem?

Fonte: Voz da Rússia

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