quinta-feira, 23 de outubro de 2014

BRASIL: CACIQUE BABAU VOTA EM DILMA CONTRA O “CARLISMO” NA BAHIA


Perseguido pelo governo, principal liderança pela retomada das terras Tupinambá observa configuração de forças anti-indígenas mais fortes com o candidato do PSDB, Aécio Neves

Poucos sofreram tanto nos últimos anos a truculência do atual Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, como os povos indígenas. Entre eles está Rosivaldo Ferreira da Silva, o cacique Tupinambá Babau, que talvez tenha sido um dos principais alvos da política de repressão coordenada pelo Ministro. O governo Dilma, ao aplicar medidas de Garantia da Lei e da Ordem no Sul da Bahia, decretou um "estado de exceção" na região de conflito entre indígenas e fazendeiros.

Principal liderança nesse processo de retomada do território Tupinambá, Babau foi impedido de viajar ao exterior e encontrar o Papa, em medida da Justiça com articulação política. Mesmo assim, me disse Babau, ele vai votar em Dilma. E a razão é que a configuração do governo Aécio, na sua avaliação, será ainda pior para os povos indígenas por envolver mais interesses ruralistas.

Entrevistei Babau no 2.º Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente, ao qual ele foi para participar de uma mesa de discussão sobre conflitos ambientais. Babau participou de uma mesa redonda sobre “A função social da ciência, ecologia de saberes e outras experiências de produção compartilhada de conhecimentos”, com o pesquisador da Fiocruz Marcelo Firpo Porto e Tadeu Melo, da UFAC.

Abaixo, trechos da entrevista:

Felipe Milanez Como analisa a configuração das eleições a partir dos conflitos por terra no sul da Bahia?

Babau O que eu vejo é o seguinte: o programa de governo do Aécio Neves, do qual está se falando muita coisa de mudança, na verdade atrasa qualquer tipo de demarcações no país. Foi o PSDB e foi o Democratas (DEM) os partidos que mais atacaram as comunidades indígenas, forçando o governo a paralisar as demarcações. No Sul da Bahia, reduto carlista, por exemplo, o Democratas atuou com vários partidos aliados para impedir a demarcação Tupinambá, continuar o processo discriminatório, de exceção, em cima de nós. Friste de o governo Dilma ter cedido à pressão deles para não travar a pauta de votação no Congresso. Não só no sul da Bahia, mas no País inteiro, muitos indígenas morreram. Colocar a LDO no Sul da Baia foi uma vergonha. Ou seja: os portugueses, quando chegaram aqui, declararam a exterminação dos Tupinambá. Chegou o governo Dilma, cedendo à pressão do Congresso, e colocou um "estado de exceção" no sul da Bahia em cima dos Tupinambá, colocou o Exército, a Força Nacional, a Polícia Militar, a Polícia Civil e a guarda de trânsito. Tudo para nos atacar. É uma vergonha.

FM Como avalia a relação de alianças de Dilma e Aécio com setores do agronegócio?

Babau Imaginem se com um governo que podemos chamar de “nosso”, que a gente lutou e ajudou a colocar lá no poder, está fazendo isso com a gente, como esse outro governo de Aécio Neves como seria? Eu tenho muita preocupação porque o agronegócio no governo Aécio consegue ser três vezes mais forte do que dentro do governo Dilma. Quem vai ditar as regras? É o agronegócio. Ele só fala. No discurso dele, eu tenho ouvido falar em superávit, em expandir... O discurso dele é sempre do grande. Sempre de potencializar quem já tem grande potência no Brasil. Eu não vi em nenhum momento eles dizendo que os territórios indígenas seriam alvo de trabalho intenso para revigorar, conduzir um povo a se recuperar culturalmente e a se fortalecer para poder viver de seu próprio território. Em nenhum momento nem Aécio nem Dilma apresentaram nada para os povos indígenas. Esquecem que somos nações. Não somos meros joguetes deles. O programa indígena deles deve ser de Estado, não pode ser de governo.

FM Qual a perspectiva de resistência nesse contexto político?

Babau Vai continuar sendo de luta social, porque não vamos ceder nem um milímetro de nossos territórios. Nem vamos abrir mão das leis e dos nossos direitos que já foram garantidos pela Constituição. Direitos garantidos nós não podemos perder nem abrir mão. Podemos ampliá-los. Se preciso for, vamos enfrentar.

Fonte: Carta Capital

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