terça-feira, 12 de janeiro de 2016

BRASIL: O DESABAFO DO PAI DO BEBÊ ESFAQUEADO EM SANTA CATARINA


O artesão indígena Arcelino Pinto, 42, não entendeu direito o que havia ouvido na TV por volta do meio-dia do último dia 30 de dezembro, em Imbituba, cidade no litoral de Santa Catarina.

Era uma reportagem sobre o assassinato de uma criança indígena na rodoviária da cidade, onde ele e vários índios caingangues acampavam havia duas semanas.

Só depois Arcelino entendeu que a criança era seu filho Vitor, de dois anos.

“Passou no jornal das 12h e eu fiquei em dúvida”, diz. “Quando cheguei lá na rodoviária, minha mulher não estava. Eu disse: ‘aconteceu alguma coisa’. Fui à delegacia e ela estava lá. De longe, falei: ‘e o nenê?’ Ela respondeu: ‘esfaquearam’. Acabou com o meu mundo.”

Arcelino e o grupo costumam acampar na rodoviária, aonde foram vender o artesanato produzido por sua aldeia, a Condá, a 14 km de Chapecó (SC).

Naquele dia, ele saiu para trabalhar às 7h com dois de seus filhos. Vitor ficou na rodoviária com a mãe, Sônia. Por volta das 11h40, a criança brincava sob uma árvore, quando um rapaz se aproximou, acariciou seu rosto e o degolou com um instrumento cortante –provavelmente um estilete, segundo o delegado Rafael Giordani, que investiga o caso.

“Assim que ele passa a navalha, vira as costas e sai correndo. A mãe abraça a criança e tenta pedir socorro. Um taxista tenta correr atrás do cidadão, mas o perde de vista”, detalha o delegado.

Há um suspeito em prisão temporária desde o dia seguinte ao assassinato. Matheus de Ávila Silveira, 23, desempregado. Ele ainda não possui advogado. Segundo o delegado Giordani, Silveira ficou calado no primeiro interrogatório, mas negou a autoria do crime quando foi ouvido pela segunda vez.

No quarto dele, a polícia apreendeu roupas que batem com o registrado por câmeras de segurança do local.

Giordani conta que o suspeito foi autuado por violência doméstica há oito meses, quando tentou agredir o pai com uma faca. “Ele é meio complicado”, diz.

Silveira tentou suicídio por asfixia com a espuma do colchão da cela logo que foi detido e tem o costume de se flagelar, segundo o delegado. Policiais dizem que ele teria problemas mentais.

“Aquele marginal tem que morrer na cadeia”, desabafa o artesão, que acredita que o crime foi encomendado para forçar os indígenas a deixarem a rodoviária. O delegado, porém, diz que não há indícios de que o assassinato da criança tenha ocorrido por motivações étnicas.

Jacson Santana, do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), explica que a relação dos índios caingangues com a população branca é bastante conflituosa.

“O artesanato é a fonte de renda deles, que vão vender em outras cidades. Isso às vezes incomoda brancos, porque eles costumam acampar nas rodoviárias”, afirma. “O menino Vitor é um caso mais grave porque envolve violência física, mas eles estão sujeitos a uma série de violências simbólicas.”

A família voltou à aldeia, a 620 quilômetros de distância, dias depois do assassinato. “Ele era bem alegre e inteligente, conversava com qualquer um. O irmão mais velho dele, com 7 anos, diz que está com saudades, porque sempre brincavam juntos”, diz Arcelino.


Fonte: Folhapress

Segue o link do Canal no YouTube e o Blog
Gostaria de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO QUESTIONE

Este Blog tem finalidade informativa. Sendo assim, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). As imagens contidas nesse blog foram retiradas da Internet. Caso os autores ou detentores dos direitos das mesmas se sintam lesados, favor entrar em contato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário